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Globalismo: uma longa história, por Pierre Hillard

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Parte 1 – As raízes do globalismo

mar 28, 2025
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Globalismo: uma longa história, por Pierre Hillard
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Nota do tradutor: Esta é uma transcrição de uma conferência de 2023 do especialista em geopolítica Pierre Hillard. Outro texto do mesmo autor pode ser lido clicando aqui (ele está intimamente conectado com o que virá a seguir). Como é um assunto delicado, a maior parte dos capítulos desta série estará restrita aos assinantes pagos, a um custo mensal menor que o de uma Coca-Cola 2,5l.


O cenário global contemporâneo

O assunto sobre o qual vou falar vai surpreender os senhores, pois seu título é “Globalismo: uma longa história”. Os eventos estão se acelerando, e em particular o mais recente, em 7 de outubro de 2023, entre Gaza e Israel. E para entender essa situação, que infelizmente corre o risco de piorar, também precisamos entender que o Estado de Israel deve seu nascimento em 1948 ao sionismo, e que a existência desse país não estava prevista desde o início.

Portanto, é preciso também entender suas políticas, especialmente as de Netanyahu1, e toda a política israelense em relação aos palestinos na Cisjordânia e em outros lugares. Também precisamos entender o que está acontecendo na Rússia, entre a Rússia e a Ucrânia, sabendo que tudo está interligado: Rússia-Ucrânia, Oriente Médio, enfim, todos os fatos trabalham juntos.

Há também os BRICS, e temos de ter em mente que muitos países se juntarão aos BRICS em 1º de janeiro de 2024, inclusive o Egito e a Arábia Saudita2. Será que os BRICS representam uma saída? Nunca se sabe.

Também está em curso a desdolarização e a digitalização das moedas, tendo em mente que a China está na vanguarda com o yuan digital, mas também há o rublo digital, que é programável. Existem as chamadas CBDCs, as moedas digitais dos bancos centrais, que são divididas entre moedas digitais de atacado, ou seja, trocas interbancárias etc., e moedas de varejo para pessoas físicas. A Rússia teve um bom começo neste ano, e a União Europeia está seguindo o exemplo com uma determinação especial.

Há dois elementos fundamentais que entraram em ação recentemente na União Europeia. Um é o lançamento de um euro digital, que está prestes a tomar forma. Não há uma data precisa, mas obviamente não será daqui a dez anos. E graças ao Comissário Thierry Breton3, sabemos que uma carteira digital está sendo criada. Teremos tudo: cartões de crédito, carteiras de saúde, documentos de identidade, seguros e tudo o mais digitalizado junto de um euro digital. Evidentemente haverá um controle perfeito para saber também se o sujeito está vacinado ou não, e assim teremos um controle perfeito sobre o indivíduo. E tão logo for implantado o sistema, tudo o que terá de ser feito é apertar um botão e pronto.

Para entender então o que está acontecendo no nosso mundo, e no caso ucraniano em particular, quando se tem, por exemplo, em abril de 2022, Volodomir Zelensky4 dizendo para transformar a Ucrânia em um grande Israel, podemos nos surpreender por que ele não disse um grande Peru ou um grande Madagascar.

Em suma, para entender a situação atual é preciso voltar às fontes. Não pensem que esse é meu hobby, mas reconhecemos nesses agentes históricos do globalismo uma marca escatológica veterotestamentária. E, obviamente, não poderei dizer tudo, mas mencionarei alguns pontos-chave sobre suas origens profundas.

 

As bases teológicas do globalismo

Em 70 d.C., tivemos a destruição do Templo de Jerusalém pelas tropas romanas de Tito. A partir daí, houve uma diáspora judaica que dispersou-os por toda parte em direção a outros países mediterrâneos. Com efeito, essa foi uma época em que o cristianismo estava crescendo em poder, levando à conversão um número cada vez maior de pagãos, bem como judeus.

E os líderes do mundo rabínico da época viam essa cristianização com horror. Por quê? Porque eles achavam que esse Messias5 chamado Jesus, chamado de Filho de Deus Encarnado pelos cristãos, não era o Messias certo e que o verdadeiro Messias ainda não havia chegado. Portanto, há uma rebelião por parte das elites rabínicas que se iriam se opor a esse movimento.

Também gostaria de lembrar que esse cristianismo cresceu em poder no início com muitos mártires, mas depois se enraizou gradualmente no Império Romano em 313 a partir de Constantino. Por isso também as elites rabínicas se oporiam a ele violentamente. Assim, a sinagoga rabínica, em sua rebelião contra a ascensão do cristianismo e preocupada com os muitos judeus convertidos ao cristianismo, desenvolveu vários produtos, sendo o primeiro deles o Talmud.

O Talmud é o código civil, político e religioso da sinagoga cega, para usar a expressão da Igreja, ou a sinagoga de Satanás, para usar a expressão de São João (Ap. 2, 8-9). E esse Talmud, dividido em dois (o Talmud da Babilônia e o Talmud de Jerusalém) foi elaborado essencialmente entre os anos 100 d.C. e 500 d.C. em oposição apenas ao cristianismo, que estava ganhando poder e capturando muitos judeus que se tornaram cristãos. Repito: é preciso entender claramente que o Talmud foi elaborado em oposição ao cristianismo, não ao Islã, porque entre 100 e 500 o Islã não existia.

Portanto, para entender o Talmud é preciso de entendê-lo em termos de (anti)cristianismo, ponto final. Não importa quais sejam suas convicções religiosas, seja você ateu, budista, ou o que for. O Talmud é violentamente anticristão e anticatólico, porque no Talmud, no tratado Gittin 56b-57a, Cristo é punido em excrementos ferventes, pois, para os rabinos, é uma abominação que um homem tenha se apresentado oficialmente como homem e como Deus: por isso Ele é castigado. E isso, é claro, não é exatamente cantarolado na mídia de hoje. E Eric Zemmour tem o cuidado de não destacar isso.

O segundo aspecto a se considerar é a Cabala. Esta tradição representa uma interpretação esotérica do judaísmo rabínico, profundamente conectada com práticas mágicas, evocação de espíritos e formas de espiritualismo. Na verdade, esses princípios espirituais já existiam desde épocas antigas, inclusive no próprio Antigo Testamento — a Bíblia hebraica original. Um exemplo clássico pode ser encontrado na época de Saul, por volta do ano 1000 a.C., período onde já se demonstrava claras manifestações de tendências espiritualistas.

Mas na Bíblia hebraica não se fala de Cabala, mas fala-se de Hovot e Yidoneem6. É o mesmo princípio. E essa Cabala se aperfeiçoou, por assim dizer, após as crises, com influências herdadas do mundo mesopotâmico e do Egito.

E o terceiro ponto que precisa ser enfatizado é que o mundo rabínico desenvolveu, entre os séculos I e II d. C., quatro documentos, que são explicados no meu livro “Archives du mondialisme”. Esses documentos são os Targuns, o Livro dos Jubileus, o quarto livro de Esdras e o Apocalipse de Baruc. Eles destacam o desejo de estabelecer uma Israel material, carnal e física, ou seja, de restabelecer a Israel que desapareceu com a ocupação romana.

Portanto, há três pontos:

  • O restabelecimento do Estado de Israel;

  • Um messianismo, que é a expectativa do verdadeiro Messias para os judeus, trazendo a glória somente para Israel, que dominará as nações;

  • E o milenarismo (esse é um ponto-chave nos Targuns), que é a ideia de sacrifício humano do povo judeu e do povo sofredor, possibilitando a redenção da humanidade.

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