O papel do judaísmo na história mundial, por Pierre Hillard

Parte 2 da série “Globalismo: uma longa história”

Estátua do Imperador Adriano no acampamento da Legio VI Ferrata, 117-138 d.C., via Museu de Israel, Jerusalém; ao fundo esconderijo na caverna da revolta de Barcoquebas, século II.

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O impacto da diáspora judaica

Em 1492, ocorreu um evento marcante na história judaica: a expulsão dos judeus da Espanha. Dispersos para o norte da África e para as Províncias Unidas (atual Holanda), essa diáspora causou profundo sofrimento a um povo que não compreendia seu exílio e que ainda aguardava a vinda do Messias. Como resposta a esse sofrimento coletivo, surgiu a figura do Rabino Isaac Luria (1534-1572), que se estabeleceu em Safed, na Palestina, desenvolvendo ensinamentos que buscavam explicar o propósito divino por trás da dispersão judaica.

Safed tornou-se então o primeiro “Estado israelense em miniatura”, fundado por um judeu marrano a serviço do Império Otomano, Joseph Nasi¹, que foi nomeado Duque de Naxos. Valendo-se de sua considerável fortuna e do apoio otomano, Nasi estabeleceu esta pequena versão de Israel em Safed. Foi neste contexto que Isaac Luria se estabeleceu na região e desenvolveu sua doutrina que relacionava intimamente o exílio do povo judeu ao exílio da própria presença divina, e esse é um conceito teológico de profunda significância.

O conceito de Tikkun Olam e o Great Reset

Para vencer essa adversidade, Luria acreditava que o mundo tinha de ser reparado. E reparar o mundo é o que se chama de Tikkun Olam, que é uma versão hebraica da grande reinicialização (o Great Reset). Mas reparar o mundo de quê?